A mulher do século 21 é aquela que assumiu papéis de autoridade e influência na sociedade, que lançou mão de desfilar sua beleza e sensualidade, mas que, de um modo geral, continua “carregando a casa nas costas”. Tendo que se dividir em uma jornada tripla entre trabalho (onde precisa aumentar constantemente o seu rendimento), a família (com uma lista quase interminável de tarefas) e o culto à beleza. Sem falar, no advento da expansão das redes sociais, em que as exigências tornaram-se ainda maiores, forçando a maioria das mulheres a usarem a máscara da Mulher Maravilha, pela preocupação em mostrar ao mundo, a perfeição.
Ignorando a sua humanidade, como se tivessem a obrigação de dar conta de tudo, as mulheres acabam por levar uma vida, na maioria das vezes, impossível de se sustentar. Elas trabalham, estudam, dão atenção ao marido ou namorado, cuidam dos filhos (que precisam estar sempre arrumados e dignos de elogios), da casa (que deve estar tão linda quanto as das revistas), da comida (que tem que ser saudável com um cardápio incrível), das plantas, do animal de estimação e, claro, têm que estar sempre sexys, com a depilação em dia, sem estrias, celulites e sem os terríveis pneuzinhos, com a roupa e o cabelo perfeitos, a make-up disfarçando todas as marcas do tempo, e com a lingerie impecável.
Segundo o The Economist, em 1960, apenas 17% das mulheres trabalhavam fora de casa e tinham uma média de seis filhos. Atualmente, 80% das mulheres brasileiras graduadas aspiram trabalhar no cargo mais alto da empresa e, além disso, 27% das mulheres ocupam cargos de chefia. Mas, segundo o IBGE de 2018, elas continuam trabalhando 21h por semana em casa. Essas mudanças definem o perfil da mulher do século 21 e o preço que se paga, para manter-se nessa roda gigante é caro demais porque exige, além da capacidade física, muito esforço cognitivo e intelectual.
Afinal, o que está acontecendo com o universo feminino? Não existe problema nenhum em trabalhar, ter família e cuidar da beleza, mas é fato que existe cada vez mais dispersão, esgotamento emocional e que, os níveis de stress, ansiedade, depressão e pânico têm aumentado a cada dia. Tudo isso, devido a uma tentativa desesperada de ultrapassar os limites humanos e fazer tudo ao mesmo tempo, mesmo quando, é cientificamente comprovado que, o cérebro só consegue focar em uma coisa por vez. O máximo que pode acontecer, segundo a neurociência, é a alternância de foco. No entanto, é preciso entender que, cada vez que mudamos de tarefa, desprendemos mais energia vital, tempo e esforço para retomar a tarefa anterior.
A Mulher Maravilha sempre foi uma das heroínas preferidas do contexto feminino. Ela, é a mulher que vai para guerra sem sair do salto. Ela abate os vilões, sem perder a classe, sabe se posicionar e impor respeito, sempre pensa em ajudar e proteger os outros, e para completar é linda e tem um corpão admirável. Será mesmo que escolhemos a máscara certa para usar? Porque, vamos admitir que não é fácil para nenhuma humana, viver essa vida de heroína. Qual a mulher que hoje em dia não se sente sobrecarregada por ter que dar conta de 30 coisas por minuto, como se tivesse a missão de salvar o mundo sozinha? Todas sabem que é necessário aprender a equilibrar a vida profissional e pessoal, mas, de repente, a grande vilã aparece: a culpa. Mesmo com o nível máximo de dedicação e esforço, parece que não há tempo suficiente para fazer tudo o que deseja. E para agravar a situação, ainda existe “um bichinho” chamado perfeccionismo que corrói tudo por dentro, dizendo que cada coisa que se faz tem que ser PERFEITA e no final de cada dia, vem a sensação de mais uma vez ter falhado por não ter dado conta de tudo. CALMA!!!! Você é humana e precisa aprender a respeitar os seus limites.
Após centenas de atendimentos a mulheres através de processos de coaching individual e em grupo e tendo desenvolvido experiência nesse desafiador e, ao mesmo tempo, encantador universo feminino, criei uma metodologia de como a mulher pode ter qualidade de vida, sem ter que abrir mão das suas profissões, habilidades de rainha do lar e, claro, sem deixar de lado sua feminilidade e vou citar aqui algumas verdades essenciais:
- Coloque cada coisa em seu lugar. A mulher tem uma enorme tendência a se doar e, consequentemente, acaba se preocupando tanto com aqueles que ama, que esquece de si mesma e das suas necessidades. A grande questão é que se você não estiver bem consigo mesma, não conseguirá cuidar do outro da maneira correta. Então, priorize-se, distribua funções para toda a família e reserve tempo exclusivamente seu, seja para ler um livro, tomar um banho demorado ou simplesmente descansar.
- Lembre-se de que as tarefas nunca vão terminar. Por mais que se tente, enquanto viver, sempre existirão coisas por fazer e quando morrer vai ficar tudo aí. Então reflita se vale à pena perder o tempo de fazer aquilo que realmente é importante na vida, como brincar com seus filhos, assistir um filme com o marido, conversar com os amigos olhando nos olhos, e não de olho no celular, realizar seus sonhos, ouvir uma música arrumando a casa, que nunca ficará totalmente arrumada.
- Quando a Mulher Maravilha, em você, estiver passando dos limites, exercite colocá-la de volta no devido lugar, lembrando que você não precisa dar conta de tudo e está tudo bem. Aos poucos você vai perceber que vai ficar tudo bem mesmo. E, então, comemore por ter conseguido se divertir ao longo da vida, valorizando o que realmente tinha valor. Como diz a música de Ana Vilela “Segura teu filho no colo, sorria e abrace teus pais, enquanto estão aqui. Que a vida é trem-bala, parceiro. E a gente é só passageiro prestes a partir”.
Você não precisa ter uma capa vermelha, saber voar ou ter super poderes, só precisa ser você mesma e se amar, valorizando suas forças e aceitando seus limites.
RITA PIRES é Master Coach, Administradora, Palestrante e Treinadora na área de Desenvolvimento Humano no Brasil, e no Exterior. Idealizadora e realizadora dos Treinamentos: Mulher Essencialmente Única, Você em Foco e Liderança Eficaz. Co-Autora do Livro A Elite do Coaching no Brasil 2, onde apresenta uma história real, com a temática “o estilo Coaching de vida” e relata os benefícios dessa escolha.
