Para ter a plena certeza das coisas, precisamos de provas ou de leis físicas em situações reproduzíveis. Alguns exemplos: se soltarmos uma pedra, ela vai cair ao chão? Se misturarmos as cores amarela e azul, vão se tornar verde? Michael Jackson está morto? A montanha Matterhorn está na Suíça? A essas perguntas podemos responder com um claro SIM, pois elas são consequências das leis da física ou dos fatos que foram constatados oficialmente.
Imaginamos agora que achamos uma pintura velha em um sótão de uma casa abandonada. Ela teve um pintor? Ou se nós virmos uma tartaruga em cima de um poste de lanterna, foi alguém que a colocou ali? As respostas para essas perguntas também parecem bastante óbvias, mesmo que não tenhamos provas científicas.
É essa a ideia que está por trás do assim chamado “Intelligent Design“.
Antes de explicar o Intelligent Design, precisamos entender o seu oposto, que é a “Teoria da Evolução”, elaborada por Charles Darwin em 1859. Em suma, essa teoria alega que as espécies se evoluíram em passos minúsculos, do simples para o complexo, e que as mudanças aconteceram (e ainda acontecem) de modo aleatório e por mutações. Das várias mutações que uma espécie tem, aquela que é mais adequada ao ambiente vai sobreviver e ser passada para seus descendentes (“survival of the fittest“). Ou seja, nessa teoria, a evolução não tem direção. Se fôssemos “rebobinar” o tempo e apertar o “botão de play” de novo, o mundo (com suas espécies) seria totalmente diferente daquele que conhecemos hoje, e a espécie predominante seria muito provavelmente outra. E o ponto polêmico dessa teoria também é que a criação das espécies não “necessita” de um criador, pois as mutações e as seleções acontecem sem direção e por pura coincidência (ou, como o filósofo Friedrich Nietsche formulou: “Deus está morto“).
Na verdade, a filosofia grega debateu a ideia de que a complexidade da natureza indicava a existência de um criador (ou de criadores). Tanto Platão como Aristóteles têm proposto a ideia de um criador-designer do cosmos. Mas foi ao final dos anos de 1980, há poucas décadas, que cientistas começaram a usar argumentos científicos para reforçar e apoiar a hipótese desse criador.
Estes são alguns dos conceitos e dos argumentos usados no debate:
- Imaginemos um macaco apertando, arbitrariamente, as teclas de uma máquina de escrever. Se o deixarmos lá por bastante tempo, é provável que ele escreva, por coincidência, palavras simples, como rio ou luz; até uma palavra mais complexa, como morango, seria possível, porém pouco provável. Agora, se colocarmos centenas de macacos em uma sala, com centenas de máquinas de escrever, e os deixarmos por vários anos escrevendo, qual a probabilidade de algum deles escrever, aleatoriamente, um poema de Carlos Drummond de Andrade? E esse poema ainda poderia ser muito simples e minúsculo, comparado com uma fita de DNA que contém a informação do “plano de construção” de cada célula. A probabilidade de um órgão tão complexo, como o cérebro humano, ter evoluído por coincidência é imensamente pequena, praticamente nula. Seria a mesma de um tornado passar sobre um ferro velho e construir um avião Boeing. (Esse argumento é conhecido como a “complexidade especificada“).
- Imaginemos um daqueles relógios antigos. Se tirarmos uma pequena peça do seu mecanismo, ele ainda funcionará? Se analisarmos órgãos complexos como o nosso olho, ou, até mesmo, o mecanismo de espécies simples como os flagelos de bactérias, o sistema inteiro só funcionará se todos as partes estiverem presentes e montadas na ordem certa. Se uma parte estiver faltando, o sistema inteiro ficará praticamente inútil. Mas, pressupondo a Teoria da Evolução, que alega que tudo se evoluía do simples para o mais complexo em passos minúsculos e sem direção, por que razão um sistema de “meio-termo”, que não funcionava, deveria ter-se imposto e evoluído? A probabilidade de um sistema tão complexo ter-se evoluído acidentalmente em vários passos inúteis seria, de novo, extremamente pequena.
- Agora, imaginemos um cofre com dúzias de rodinhas para colocar a senha de abertura. Porém, os números nas rodinhas não vão apenas de um a dez, eles podem ir até um bilhão. Vamos pegar de novo o nosso querido macaco e deixá-lo rodar as rodinhas. Será que ele vai conseguir abrir o cofre? Esse outro argumento trata das constantes físicas fundamentais, que descrevem a gravidade, as forças nucleares, o eletromagnetismo e muito mais. Se qualquer um dos valores dessas constantes fosse minimamente diferente, o nosso universo não existiria do jeito que conhecemos. Por exemplo, vamos pegar a rodinha da massa do próton. Se ela fosse 0.1% a mais, não existiriam muitos elementos químicos, as estrelas e os planetas (sem falar das espécies) não poderiam se formar. Se ela fosse 0.1% a menos, todas as estrelas iriam implodir e se transformar em buracos negros.
Os físicos ateus tentam explicar isso com o conceito do multiverso, que contém milhares de universos diferentes. Mas o que é mais racional de acreditar? Que existem bilhões de bilhões de universos, ou que existe um criador inteligente?
Esses são os três pilares usados na ideia do Intelligent Design. Além deles, existem outras perguntas a que a Teoria da Evolução não responde, mas podem ser explicados, propondo um criador inteligente:
- Mesmo se entendermos como uma célula se reproduz, até agora, depois de vários experimentos, ainda não será possível construir uma célula viva, ou seja, de criar vida a partir de matéria não viva.
- Os cientistas descobriram nos fósseis, a assim chamada “explosão Cambriana“, que aconteceu durante o período Cambriano. Ela registra o aparecimento relativamente rápido de muitos grupos de animais, desafiando a Teoria da Evolução, pois, conforme essa teoria, os fósseis deveriam mostrar as formas de vida mais simples na parte inferior, e uma cadeia lenta e crescente em complexidade para cima. Mas isso não é o caso.
- Também existe um aspecto filosófico que desafia a Teoria da Evolução: qual é a vantagem de o ser humano ter desenvolvido um senso para ética, amor e beleza? Como é que a capacidade de distinguir entre o bom e o mal, o certo e o errado poderia ter evoluído de uma seleção aleatória? Por que nós desenvolvemos a arte? Por que o ser humano deveria ter desenvolvido a capacidade de refletir sobre pensamentos e praticar filosofia ou inventar construtos altamente abstratos como a matemática, se a única meta seria de sobreviver?
A Bíblia é confiável?
A ideia do intelligent design apenas aponta para uma entidade inteligente que desenhou e criou o universo com tudo o que nele há. Ela não diz se foi o Deus da Bíblia. Se aceitamos que existe um deus criador inteligente, e que ele quer se revelar à sua criação, é razoável acreditar que ele se revelou a profetas, induzindo-os a escrever suas experiências e inspirações e passá-las de geração para geração. Essas escrituras (em total são 66 livros ou cartas) é o que hoje podemos ler na “Bíblia”.
O próximo passo seria, então, analisar essa Bíblia (que alega ser a palavra desse Criador) e ver se ela é confiável. E, de fato, temos várias razões para tomá-la a sério. Algumas delas:
- Alta qualidade das fontes: não há nenhuma outra obra antiga que foi tão bem conservada como as escrituras da Bíblia. A descoberta de rolos antigos nas cavernas de Qumran provou, impressionantemente, que as escrituras do Antigo Testamento praticamente não mudaram durante os séculos. E descobertas arqueológicas confirmam as histórias contadas.
Também o Novo Testamento (a segunda parte da Bíblia) foi tão bem conservado que o faz bem mais confiável do que, por exemplo, os livros escritos por Júlio Cesar. - Profecias cumpridas: a Bíblia contém centenas de profecias que foram cumpridas detalhadamente. Por exemplo, a Bíblia profetizou sobre os reinos mundiais, a história do povo judeu (destruição de Jerusalém, distração entre os povos, perseguição, formação do estado de Israel) e também profetizou vários detalhes sobre o “messias” (todas elas foram cumpridas em Jesus Cristo). As profecias bíblicas que ainda não foram cumpridas são profecias sobre o futuro.
- Fio condutor: a Bíblia foi escrita durante 1600 anos por mais de 40 escritores, que viviam geograficamente distantes. Mesmo assim, ela contém um fio condutor, e nenhuma parte da Bíblia está em contradição com outra parte. Isso só pode ser explicado por uma condução e inspiração divina.
- Impacto na humanidade: nenhum outro livro teve tanto impacto na humanidade, seja no desenvolvimento dos direitos humanos, nas leis, seja na ética. Mas existem vários relatos que contam que ela também tem impacto no nível pessoal, pois ela mudou muitas vidas dando conforto e consolo em momentos difíceis.
- Jesus alega que as escrituras bíblicas são a palavra de Deus. Se analisarmos os relatos sobre Jesus e tomarmos em consideração que foi provado, historicamente, que ele realmente existiu, teremos duas opções: ou Jesus era totalmente louco e insano, ou ele falava a verdade. Não há uma terceira opção. À luz das muitas profecias que foram cumpridas nele, e estudando seu comportamento e estilo de vida, faz muito sentido acreditar na segunda opção.
Se Deus realmente existe, e a Bíblia é a sua revelação para os homens, ela vale a pena ser lida. Para quem estiver com preguiça de ler todas os 1189 capítulos da Bíblia, aqui um pequeno resumo em quatro pontos:
- Deus criou o mundo e tudo o que nele há, e Deus ama as pessoas. Seu amor é sem limites e incondicional, independente do que fizemos ou fazemos, com todos os erros e as fraquezas. O Seu maior desejo é nós podermos sentir esse Seu amor e termos uma relação com Ele. Ele quer nos mostrar um propósito para nossas vidas.
- Porém, muitas vezes, não sentimos esse amor, porque, infelizmente, há algo que nos separa de Deus, como uma parede. A Bíblia chama esse “divisor” de pecado. Nós pecamos quando ignoramos Deus e queremos viver sem Ele, quando queremos ser nosso próprio deus. A Bíblia diz que o pecado traz por fim a morte.
- O castigo pelo pecado é a morte, e Jesus levou esse castigo sobre si, para que pudéssemos nos reconectar com Deus, para termos a vida eterna e em abundância. Foi por isso que Ele foi crucificado. Com Sua morte, Ele nos oferece uma nova aliança com Deus, uma relação pessoal com o Criador do universo, e uma vida eterna após a morte com Ele.
Deus nos deu o livre arbítrio. Ele não quer que sejamos “robôs” que são forçados a amá-lo. O amor verdadeiro é uma decisão. A decisão é nossa, se queremos viver com Ele ou sem Ele. Só podemos nos conectar a Deus por meio da oração. Uma oração em que assumimos que somos pecadores, pedindo perdão e decidindo viver o resto da vida com Ele.
Jesus nos convida a viver uma vida com propósito. Ele nos ama e nos dar a liberdade para sonhar e realizar os sonhos que Ele mesmo colocou em nossos corações. A vida com Ele é sem medo e em abundância.
Escrito por: Gustavo Aeppli, Físico & Master of Science ETH (Suíça)