Lifestyle

A importância de transmitir o português para os filhos

A Língua de Herança é uma forma de ensinar sobre o Brasil estando longe dele.

Muitas famílias brasileiras que vivem no exterior frequentemente se deparam com a dúvida acerca de se devem ensinar a língua portuguesa a seus filhos ou se eles devem aprender apenas as línguas oficiais do país onde vivem. Essa questão é importante e está no cerne de um recente campo de estudos relativamente novo: o idioma como herança.

Muitas famílias brasileiras que vivem no exterior frequentemente se deparam com a dúvida acerca de se devem ensinar a língua portuguesa a seus filhos ou se eles devem aprender apenas as línguas oficiais do país onde vivem. Essa questão é importante e está no cerne de um recente campo de estudos relativamente novo: o idioma como herança.

      Língua de herança é o idioma que os pais decidem transmitir aos filhos como parte de seu legado cultural dos princípios e valores de família. Ensinar a língua-mãe dos pais seria uma forma de compartilhar um pouco da história de vida.

      No entanto, por que se preocupar em ensinar português aos filhos se toda a família agora mora em outro país? Porque, somente assim, eles vão entender melhor além de quem os pais são, sua cultura, e conseguir comunicar-se com os parentes de todas as partes da família. Há, também, sempre a comunicação com os pais, pois muitos deles podem não ter domínio da língua oficial do país, podendo gerar a falta de entendimento entre pais e filhos.

Muitas famílias imigrantes convivem com dúvidas sobre qual idioma falar dentro de casa, principalmente porque existem muitos mitos sobre o bilinguismo infantil; por exemplo: expor as crianças a uma língua de herança pode ter um efeito negativo no aprendizado da língua utilizada na escola ou expor as crianças a duas ou mais línguas durante os primeiros anos pode causar atrasos no desenvolvimento da fala.

Todavia, nenhuma pesquisa científica confirma isso; é justamente o contrário: além de não existir nenhuma relação de atraso no desenvolvimento linguístico, as pesquisas indicam que pessoas que desenvolvem bem suas habilidades em mais de uma língua, sobretudo durante a infância, período em que o cérebro é mais plástico, tornando o aprendizado mais rápido e fácil, elas também indicam que possuem maior facilidade de desempenhar certas tarefas.

O mais indicado por linguistas é que as crianças, primeiramente, sejam alfabetizadas na língua da escola para depois iniciarem a alfabetização na língua de herança.

Transmitir a língua de herança não costuma ser simples nem fácil. Não se desespere se seus filhos não falam com você em português, mesmo se essa for a única língua que você usa com eles. Se eles entendem a sua língua (têm um “conhecimento passivo” do idioma), já pode ser bom sinal. Mas, para uma língua de herança, algo é fundamental: que os pais a usem com os filhos; se não, não há legado nenhum a transmitir.

Caso você encontre alguma dificuldade em transmitir a língua de herança para seus filhos, procure apoio. Existem várias iniciativas no exterior que fazem atividades educativo-culturais em português para crianças.

Abaixo deixo algumas dicas de como transmitir o português (ou qualquer outra língua) para seus filhos:

Leitura: a leitura é um dos pilares para o desenvolvimento da linguagem.

Músicas e desenhos animados: além dos livros, procuro incentivar a linguagem por meio de músicas e desenhos curtos e educativos, tudo em português.   Exemplo e interação dos pais: o exemplo é fundamental para a criança, em todos os sentidos. Se você deseja que seus filhos mantenham a língua portuguesa, você precisa utilizá-la. As crianças precisam encontrar necessidade de falar o idioma: conversar com os avós, tios e primos pela Internet é um bom exemplo.
Socialização: proporciona situações em que o uso da língua seja necessário. Estar em comunidade e conhecer pessoas que compartilham da mesma cultura faz que as crianças entendam que, também, pertencem a um grupo de brasileirinhos.

 

Escrito por:

Nubia Almeida Silva

Graduada em Biologia; educadora e animadora sociocultural, com formação em   direitos dos estrangeiros; cofundadora e coordenadora da Associação Raiz Mirim; membro da Comissão Administrativa do SEPOLH e líder do Grupo Mulheres do Brasil-Núcleo Bruxelas/Bélgica.

 

 

 

Leia também